Carniato, Você Sabia Arquitetura cenográfica: já pensou em trabalhar com ela?

Carniato, Você Sabia

Arquitetura cenográfica: já pensou em trabalhar com ela?

A arquitetura e a arte estão separadas por uma tênue linha! E isso faz com que muitas vezes seja difícil definir onde uma começa e a outra termina. Muitos estudantes e profissionais escolhem arquitetura justamente por enxergar a possibilidade da realização de sonhos em comunhão com a arte. E a arquitetura cenográfica ou arquitetura efêmera explora exatamente isso: a magia da arte com a concepção de projetos arquitetônicos.

Essa é mais uma das vertentes as quais um arquiteto pode desempenhar suas funções. Renata da Matta é arquiteta e proprietária da Fósforo, escritório em Belo Horizonte especializado em arquitetura cenográfica e esclarece. “Cenografia vai além de mera decoração. O visitante pode não ter consciência, mas boa parte de suas sensações em um espaço é proveniente da cenografia que nele foi montada”.

PERFIL DO PROFISSIONAL

Além de se interessar por arte e design, Renata diz que o profissional da área de cenografia necessita ter cabeça aberta para novas experimentações. “O projeto de cenografia trabalha com outros tipos de materiais e detalhamentos, logo tem que ser curioso para pesquisar, para propor, para questionar”.

Projeto do bar Gilboa desenvolvido pela Fósforo em Belo Horizonte. Imagem: reprodução Fósforo.

E uma informação que não é nenhuma novidade para estudantes de Arquitetura. “Tem que gostar muito da correria, pois precisará lidar com prazos sempre apertados! Além disso, se acostumar a trabalhar de madrugada e muitas vezes aos finais de semana, devido à importância de acompanhar as montagens”, nos conta a profissional.

 

ÁREAS DE ATUAÇÃO

Existe uma tendência em creditar o trabalho de um arquiteto cenográfico unicamente a ambientes televisivos. Desse modo seria trabalhar com a montagem de estúdios ou cidades fictícias para filmagens de telenovela, campo que demanda profissionais mas tornaria a atuação muito restrita. Entretanto, com novos investimentos em cultura e arte, um leque de abrangência maior tem sido aberto para quem deseja investir nesse segmento.

Arquitetura cenográfica no Cirque du Soleil. Reprodução internet

“Existem vários tipos de trabalho e projetos: eventos, festivais, palcos, corporativos, feiras, stands, lojas, vitrines, imobiliários, direção de arte”, ressalta Renata da Matta, que desenvolve diversos trabalhos pela Fósforo.

Danielle Spada é coordenadora do Núcleo de Pós-Graduação em Design da Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro e segue na mesma direção. “Muitas pessoas pensam em cenografia apenas para teatro, cinema e TV, mas a área cenográfica é bem mais abrangente. Os especialistas em cenografia podem trabalhar com festas, festas corporativas, exposições de arte, feiras, museus, eventos, shows, dentre outras”, diz.

TribalTech 2012: projeto cenográfico assinado por Felipe Guerra. Crédito: divulgação

Entretanto, há diferenças entre trabalhar com a cenografia televisiva e os demais segmentos, pois cada um tem demandas e especificidades que diferem um do outro. O ponto em comum entre eles, no entanto, é a grande necessidade de pensar a interação entre o espaço, a luz e o público como forma de potencializar o resultado desejado.

“Cenografia vai além de mera decoração. O visitante pode não ter consciência, mas boa parte de suas sensações em um espaço é proveniente da cenografia que nele foi montada”. – Renata da Matta, arquiteta especialista em cenografia.

 

ESPECIALIZAÇÃO EM ARQUITETURA CENOGRÁFICA

Um dos principais empecilhos para estudantes os quais desejam seguir para a área de arquitetura cenográfica é a falta de informação e também de, em geral, não haver nenhuma abordagem durante a graduação. Diversos alunos terminam o curso sem sequer conhecerem possibilidade desse tipo de atuação para o profissional arquiteto.

Cenografia em eventos de moda. Imagem: Archidaily/Daniel Ortíz

Para interessados em trabalhar com arquitetura cenográfica, o ideal é procurar por cursos de especialização. Danielle Spada, que coordena a pós-graduação em cenografia da Universidade Veiga de Almeida explica que “o curso tem como objetivo preencher uma lacuna na qualificação do profissional”.

Renata hoje se dedica à diversos trabalhos em cenografia. Diz que durante sua graduação nada sobre cenografia era abordado e ressalta: “Tudo que aprendi foi pesquisando por conta própria”. Algumas dicas valiosas são acrescentadas pela profissional.

“O que diria para os estudantes é correr atrás de cursos, especializações, workshops, pesquisas, enfim, tudo que envolve esse lindo mundo da cenografia sem depender propriamente da faculdade. Quando me formei, criei projetos para clientes fictícios, fiz 3Ds maravilhosos desses projetos e assim consegui meu primeiro emprego”.

A importância de uma pós-graduação é justamente pelo foco dado diretamente à cenografia. “Na UVA, o curso é dividido em três momentos: construção de bases de conhecimento, abordando os conteúdos primordiais. Desenvolvimento e aplicação, onde esses conteúdos são aplicados de forma prática. E por fim a parte de mercado que é um diálogo com o atual contexto do mercado em suas necessidades, tendências e relações”, esclarece Danielle.

No eixo Rio-SP, emissoras de televisão abrem programas de estágio e trainee para arquitetos

DEMANDA DE MERCADO EM ARQUITETURA CENOGRÁFICA

E por falar em mercado, ainda faltam profissionais qualificados para o segmento. Há falta, inclusive, de pessoas que tenham interesse em trabalhar com esse segmento bastante promissor. Outra questão é que o almejante a trabalhar com cenografia necessita ter um espírito empreendedor, assunto muitas vezes também não tratado de forma consistente na graduação.

Cenografia em casamento by Santos&Santos Arquitetura

“Falar de mercado no Brasil hoje é falar em empreendedorismo. O ato de se colocar visível, estabelecer relações. Ter a iniciativa de implementar novos negócios são ações essenciais para se colocar no mercado”, ressalta Danielle Spada. Na pós-graduação da instituição, ela esclarece, ainda, que o aluno passa pelo contrato até a gestão de seu próprio negócio.

 

Renata da Matta, da Fósforo, indica que a demanda tem crescido nos últimos tempos, mas enxerga um problema. “Muitos projetos são por concorrência. Então você trabalha, cria, faz todo o projeto, sem saber se será contratado”.

Para quem almeja trabalhar com cidades cenográficas e montagem de cenários televisivos, as principais demandas estão no eixo Rio – São Paulo, região onde esse tipo de atividade está concentrada. Sendo assim, emissoras de televisão costumam abrir programas de estágio e trainees com vagas de arquitetos, sendo essa a principal porta de entrada.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *